Análise / Luis Nassif
Jornalista econômico e editor do site www.advivo.com.br/luisnassif
A Operação Lava Jato e o futuro do financiamento político
Se houver, de fato, espírito republicano na Operação do Ministério
Público Federal e da Polícia Federal, aplica-se um golpe de morte em
todo sistema de financiamento clandestino de campanha eleitoral
Não se sabe ainda quais jogadas políticas se
escondem por trás da Operação Lava Jato. Se for seletiva em relação a
partidos políticos, desmoraliza. O vazamento de depoimentos na véspera
das eleições é uma mancha na operação.
Se for, de fato, republicana, muda a história política e
a luta contra a corrupção no país. E, por republicana, entenda-se o
aprofundamento de todas as relações políticas do doleiro Alberto
Yousseff - e aí entram o PT, o PSDB, PMDB, PP e demais partidos.
Até agora, as mazelas políticas do país sempre foram
tratadas de forma oportunista pela cobertura midiática. Jornais valem-se
das denúncias não como instrumentos de aprimoramento do país, mas como
armas do jogo político, em atendimento a seus interesses empresariais e
de seus parceiros políticos e empresariais.
Na CPI do Banestado, a Polícia Federal levantou e-mails
de um lobista da Andrade Gutierrez alertando José Serra de que, se as
investigações não fossem interrompidas, iriam bater nos recursos da
privatização.
A Operação Castelo de Areia envolvendo a Camargo
Correa, alguns anos atrás, flagrou pagamento de propinas a políticos de
ponta do PSDB paulista, como o ex-Chefe da Casa Civil do governo
Alckmin, Arnaldo Madeira. Acabou sepultada por um desembargador do
Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob a alegação de que se iniciara a
partir de uma denúncia anônima.
Outra operação, a Satiagraha, atingiu o coração de um
vasto esquema de corrupção que envolvia do mensalão do PSDB ao do PT.
Foi sufocada por uma pressão conjunta do governo Lula, dos grupos de
mídia, de aliados de José Serra - cuja filha era sócia de Daniel Dantas -
, e do óbvio Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
Até agora, a Operação Lava Jato recebeu amplo apoio dos
grupos de mídia por visar, por enquanto, apenas o PT e os governos
Dilma e Lula. Não se pense, da parte dos grupos de mídia, em nenhuma
bandeira desfraldada contra a corrupção, mas em interesses políticos e
empresariais bastante objetivos.
A Operação, em si, revela uma imensa teia de jogadas
envolvendo a Petrobras, a maior empresa brasileira e montadas a partir
de executivos indicados no governo Lula. A liberdade conferida a Paulo
Roberto Costa superou todos os limites do bom senso.
Mas Yousseff é muito mais que isso. É mencionado no
livro "A privataria tucana" como homem-chave na remessa de recursos de
caixa dois de caciques tucanos para o exterior. Participou diretamente
de operações que passavam por recursos da privatização, além das
operações do notório Ricardo Sérgio - o homem de Serra no Banco do
Brasil.
Se houver, de fato, espírito republicano por parte do
juiz Sérgio Moro, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal,
aplica-se um golpe de morte em todo sistema de financiamento clandestino
de campanha eleitoral.
Depois da prisão de executivos, nenhuma grande empresa irá correr mais riscos de continuar nesse jogo.
O STF já votou contra o financiamento privado de
campanha. A votação não foi homologada ainda devido ao vergonhoso Gilmar
Mendes que, mesmo já sendo voto vencido, pediu vistas do processo e
engavetou-o.
Obtido de: Lava-Jato, Youssef, o PT e o PSDB
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