FHC quer investir em Angola e atrair capitais da África do Sul
GABRIELA WOLTHERS
ENVIADA ESPECIAL A ANGOLA
O presidente Fernando Henrique Cardoso inicia hoje sua primeira visita a
dois países africanos -Angola e África do Sul- com objetivos econômicos
e políticos diferentes e que espelham o contraste das duas nações.
FHC
chega a Angola acompanhado de uma comitiva de empresários interessados
em investir num país em ruínas e que precisa reconstruir sua
infra-estrutura.
Empreiteiras como Norberto Odebrecht e Andrade
Gutierrez, cujos representantes integram a comitiva, têm interesse na
construção de represas, estradas, habitações e exploração mineral.
Como
forma de mostrar "boa vontade" com os angolanos, o Brasil doará US$ 200
mil ao governo do presidente José Eduardo dos Santos, para serem
utilizados no Programa de Reabilitação Comunitária e Reconciliação
Nacional.
Outro setor que desperta a atenção dos brasileiros é o
petrolífero. A Braspetro, subsidiária da Petrobrás, está em Angola desde
79.
O país produz cerca de 700 mil barris/dia. O petróleo é
utilizado até mesmo para saldar a dívida de US$ 426 milhões que Angola
tem com o Brasil. Desde 95, quando foi feito o escalonamento da dívida, a
ex-colônia portuguesa entrega, como forma de pagamento, uma produção de
cerca de 20 mil barris/dia ao governo brasileiro.
Em setembro de 95,
desembarcaram em Angola 1.130 militares e policiais brasileiros, que
integram a Unavem-3 (Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola).
FHC gastará boa parte da viagem para visitar a tropa do Brasil, em
Kuito, centro-leste de Angola.
Sua intenção é agradar a um setor que vem reclamando mais atenção, principalmente com relação a verbas -as Forças Armadas.
Na
política externa, FHC pretende deixar claro que está mais do que na
hora de o MPLA (Movimento Popular para Libertação de Angola), o partido
no poder, e a Unita (União Nacional para Independência Total de Angola),
a guerrilha de oposição, chegarem a um acordo que de fato traga a paz.
FHC
deixa Angola amanhã à noite, partindo para uma viagem de três dias à
África do Sul, país que responde por 40% da produção industrial do
continente africano.
No país que ficou conhecido pelo regime do
apartheid e que desde 94 é presidido por Nelson Mandela, as prioridades
de FHC se invertem.
Ele quer aumentar os investimentos sul-africanos
no Brasil -hoje atingem US$ 1 bilhão. Para isso, enfatizará seu discurso
a favor das privatizações, principalmente a da Vale do Rio Doce. Na
África do Sul, estão as principais mineradoras do mundo, como a
Anglo-American e a Gemco.
Obtido do jornal "Folha de São Paulo". Todos os direitos reservados àquele jornal.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/11/24/brasil/11.html
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