Sobre o texto do link acima, de Cynara Menezes à Carta Capital, creio ser um grave engano procurar soluções a partir do caminho fácil dos 'modelos'. Por isso mesmo é que é bastante confortável negá-los. Desconfio e sempre desconfiarei de 'modelos' e desconfiar deles é fácil, repito. Mas a repórter cai na própria armadilha ao sugerir que, um dia, enfim, haveria um 'modelo brasileiro'? Talvez seja somente uma irônica provocação de sua parte, embora isso não se evidencie no resto do texto.
'Ideias neoliberais', ou 'medidas sociais' são classificações didáticas para aulas na faculdade, mas, na vida prática são somente rótulos. Afinal, privatizar é neoliberal e estatizar é socialista? Ou, ainda estamos polarizados entre Keynes - pela ação do governo em momentos oportunos - e Adam Smith - pela ação pura do mercado -, a partir do equilíbrio entre gastos e arrecadação dos governos?
A redução no crescimento das economias dos países ricos tornou imediato o problema do crescimento das despesas públicas em velocidade maior que os países podem pagá-las. A crise atual é que os governos não arrecadam o suficiente para cobrir seus gastos, por várias razões. O que fazer?
Os EUA apresentam um arsenal de ferramentas que podem recolocar a economia americana no eixo, desde que a hipocrisia da politicagem americana permita. Grécia reduziu a carga de benefícios sociais, assim como a França. Por trás disso tudo estão, sempre, os gastos dos governos de cada país, as consequências dos gastos sobre a economia, e, principalmente as ferramentas para se buscar soluções em momentos de crise nas despesas públicas. Grécia, Itália, França, EUA e Inglaterra possuem mecanismos legais para reduzir as despesas públicas, simplesmente reduzindo o funcionalismo público, os gastos com previdência e os gastos sociais. Evidentemente, os resultados políticos são perversos, porque as medidas são impopulares. Manifestações recentes na França, Grécia e Inglaterra são resultantes dessas medidas.
E é nesse aspecto que o Brasil pode sofrer e muito.O Brasil não possui parte dessas ferramentas, porque está legalmente impossibilitado de reduzir despesas com o funcionalismo público e com a previdência pública. Enquanto a arrecadação de impostos for favorável e, se o peso das despesas do Estado não crescer na mesma velocidade que a riqueza do País, a conta do governo fecha. Hoje, os gastos e arrecadação de impostos estarão fragilmente equilibrados (sem entrar no mérito da qualidade dos gastos do governo, que são perversos). E, acredita-se que, no futuro, os gastos serão proporcionalmente menores que a arrecadação de impostos à medida que o PIB do Brasil crescer. Mas essa é uma aposta arriscada, porque os gastos com previdência e saúde aumentam na mesma medida que o envelhecimento da população.
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